Gazeta do Povo, 28 de fevereiro de 2008

 

ECONOMIA | TRABALHO

Aumento no poder de compra do novo mínimo é o menor desde 2005

São Paulo – O novo salário mínimo, de R$ 412,42, começa a valer no sábado, dia 1.º de março, com reajuste de 8,52% sobre o mínimo atual (R$ 380). A data, que já estava prevista, foi confirmada pelo Ministério do Planejamento. Apesar do reajuste ser mais elevado que o previsto inicialmente, o aumento do poder de compra do brasileiro que recebe o mínimo será o menor desde 2005. Para quem recebe o salário, o ganho real representa os mesmos 3,75% referentes ao crescimento do PIB em 2006 – os ganhos chegaram a 13% na campanha eleitoral de 2006.


O relator geral do Orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE), reafirmou ontem que os recursos para atender o aumento de benefícios previdenciários e assistenciais decorrentes do reajuste estão garantidos na proposta orçamentária deste ano.

Ministro do Planejamento confirmou ontem a data do reajuste.

Pimentel informou que o Executivo deverá encaminhar ao Congresso Nacional medida provisória reajustando o valor, já que o projeto de lei nesse sentido ainda não foi aprovado pelo Senado.


No projeto de lei encaminhado pelo Executivo ao Congresso Nacional, a previsão para o salário mínimo era de R$ 407,33. Porém, com a definição da reestimativa de receitas do governo e da inflação do ano passado, o valor será reajustado para R$ 412,42. O novo valor, segundo o ministro Paulo Bernardo, faz parte do acordo firmado pelo governo com as centrais sindicais. “O governo vai honrar o acordo firmado com as centrais, embora o projeto ainda não esteja aprovado”, destacou Bernardo.


Em nota enviada à imprensa, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) destaca que “a ação do movimento sindical, através das marchas anuais que organizou e dos processos de negociação que se seguiram, permitiu que o salário mínimo tivesse um reajuste real acumulado de 30,11% entre 2004 e 2007 – o mais alto das duas últimas décadas e bastante superior ao que estabeleciam as previsões orçamentárias oficiais e ao que defendia a equipe econômica do governo federal”.


O projeto de lei estabelece que, até 2011, o salário mínimo receberá correção da inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulada desde o último aumento, acrescido de porcentual idêntico ao do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.


Um dos maiores impactos do aumento ocorre nas contas da Previdência Social: mais de 13 milhões de aposentados e pensionistas recebem um salário mínimo. Cada R$ 1 acrescentado ao valor final implica cerca de R$ 180 milhões em gastos da União por ano.


Datas
Pelo projeto acordado entre governo e centrais sindicais, o mês do reajuste do mínimo será antecipado em um mês a cada ano até chegar em 2010, quando o aumento deve ocorrer no dia 1.º de janeiro.